A criação de uma faculdade para estudar de forma profunda as fontes de geração de energia foi anunciada por Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração da Cosan, no dia 31 de março, durante o Fórum Energia e Sustentabilidade, promovido pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini (FCAV) em razão do seu aniversário de 55 anos. De acordo com o mandatário, a instituição de pesquisa e desenvolvimento será constituída no prédio do Instituo de Pesquisas Tecnológicas (IPT) que fica no campus da Universidade de São Paulo (USP), na Cidade Universitária, região oeste da cidade.
O fórum contou também com a participação de Leonam dos Santos Guimarães, presidente da Eletronuclear; do professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Arthur Barrionuevo; e teve como moderador o professor do Departamento de Engenharia de Produção da Poli/USP Erik Eduardo Rego, diretor de Estudos de Energia Elétrica da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
A abertura dos debates foi realizada pelo presidente da FCAV, João Amato Neto, que abriu o evento lembrando aos presentes que o “debate sobre a questão da energia e a sustentabilidade, na perspectiva do desenvolvimento sustentável do Brasil, está inserido entre os compromissos assumidos pela Fundação Vanzolini nos 55 anos de sua trajetória”.
Ometto afirmou, entre as explanações, que os governos anteriores representaram um contratempo enorme para o setor sucroenergético, quando fixaram os preços dos combustíveis para fazer política anti-inflacionária por meio da Petrobras. E que o controle de preços dos combustíveis fez com que o setor perdesse muito dinheiro e se enfraquecesse. “Graças a Deus agora sabemos que o preço do etanol corresponde, economicamente, entre 70% e 80% em relação ao preço da gasolina. Em veículos mais novos, por causa do desempenho, o preço passa a ser entre 80% e 85% de eficiência. O etanol tem um poder calorífico menor, mas uma eficiência maior e consegue tocar carros com maior compressão”.
A partir do desenvolvimento da tecnologia e da produção em larga escala do etanol de 2ª geração, segundo o presidente do Conselho de Administração da Cosan, “o grupo está investindo em 12 novas usinas que produzirão, cada uma, mais de 80 milhões de litros do combustível, o que representa uma produção de aproximadamente 1 bilhão de litros de etanol de 2ª geração por ano.
A história da energia nuclear contextualizada a partir dos desafios de desenvolvimento sustentáveis da ONU, como combate ao aquecimento global e mudanças climáticas foi explanada por Leonam dos Santos Guimarães, presidente da Eletronuclear.
Guimarães deu ênfase aos benefícios ambientais da indústria nuclear em oposição à visão negativa que a sociedade desenvolveu por causa de fatores adversos do passado. Mostrou como a atividade dessa indústria promove hoje a redução de taxas de degradação de algumas categorias de capital natural como a concentração de gases de efeito estufa, poluição do ar, acidificação dos oceanos e uso da terra. Além disso, reforçou o papel da atividade na universalização do acesso à energia, modicidade tarifária, segurança de abastecimento, uso de mão de obra qualificada e incremento na pesquisa científica e tecnológica.
Arthur Barrionuevo apresentou os fatores que mostram como a intervenção governamental no setor de energia acaba afetando o funcionamento do mercado e como os governos, principalmente os da América Latina, impactam negativamente o funcionamento dos mercados.
“As regras dos governos podem facilitar ou dificultar a introdução de novas energias. Se os investidores não receberem uma taxa de retorno mínimo ao que eles entendem como adequadas e garantias jurídicas do cumprimento de contratos, eles não farão os investimentos. Mesmo com estudos mostrando que a energia solar teve uma queda de custo nos últimos 10 anos de 85%, o problema está em investimentos na área de transmissão. E esta é regulada dessa maneira, mais tradicional, tendo a regulação dos governos”, destacou Barrionuevo.
Entre os aspectos dos marcos regulatórios do setor, Barrionuevo abordou os elementos de contrato que podem gerar desequilíbrio econômico e financeiro e impactar a taxa de retorno dos investidores. Além disso, falou sobre a questão dos subsídios e do apoio necessário que os governos precisam dar aos investidores e produtores de energia limpa, como doações, juros baixos, empréstimos preferenciais e benefícios fiscais.
Uma visão geral sobre o setor energético brasileiro foi apresentada pelo professor Erik Eduardo Rego. Segundo ele, o Brasil é um país privilegiado em recursos energéticos. “O país é 4º maior produtor agrícola do mundo e isso nos dá uma ideia do potencial de bioenergia que temos, não só de biocombustíveis, mas bioeletricidade, biogás e de toda uma gama de produtos que vem da produção agrícola e que podem contribuir para a produção energética brasileira”.
O professor Rego apontou que o Brasil tem uma excelente radiação solar que permite fator de capacidade de plantas fotovoltaicas das mais competitivas do mundo. Além de um potencial eólico, seja onshore ou offshore, que somados dão mais de duas vezes o que o país tem de capacidade instalada de todas as fontes de geração de energia. É o segundo maior país produtor hidrelétrico e ainda pode aproveitar esses recursos com repotenciações reversíveis e explorar melhor esses ativos.
De acordo com ele, o Brasil tem reservas de urânio suficientes para fazer 10 outras usinas nucleares de 1 giga watts e reservas de pré-sal que permitem ao país reduzir a dependência de gás natural ao longo dos anos. “Os números de 2020 mostram que 48,4% dos recursos energéticos no Brasil são de fontes renováveis. Temos todos derivados da cana de açúcar representando 19,1%, sendo a segunda fonte de suprimento energético do país. Para o país chegar nesse ponto foi um esforço de décadas para conseguir uma matriz diferenciada em termos de renovabilidade”.
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Gostaria de conhecer mais se vai haver a faculdade. Trabalhei com Yellow Cake, com filtragem de sacarose, com leito líquido de carvão para forno de Cimento. Atestei serem mercados, no mínimo promissores. grato
Sou engenheiro mecânico da Mauá, trabalhei com Urânio, com carvão em leito fluidizado, para cimento. Usina de açúcar filtragem da sacarose.Quero me inscrever na Faculdade da Energia e saber o currículo por favor