“Manutenção é isto…
Quando tudo vai bem, ninguém lembra que existe;
Quando algo vai mal, dizem que não existe;
Quando é para gastar, acha-se que não é preciso que exista;
Porém quando realmente não existe,
Todos concordam que deveria existir.”
Manutenção é uma dessas funções organizacionais que muitas vezes opera à sombra do reconhecimento. O texto acima, atribuído a Arnold Sutter, captura de forma poética essa dualidade: a invisibilidade da manutenção na rotina e sua centralidade quando crises surgem. Mas, vamos combinar, faz tempo que a Manutenção, ampliada para Gestão de Ativos, não é mais um conjunto de ações reativas voltadas para consertar o que quebrou.
De mal necessário, como vista no passado recente, agora é reconhecida como uma função estratégica, com impacto direto nos resultados operacionais e financeiros das empresas.
“A Função Manutenção na Busca por Resultados Positivos”
No futebol a gente sabe que “quem não faz, leva”. Tudo que não se quer é a tal “bola nas costas”. A Manutenção de hoje joga no ataque, indo muito além do simples consertar máquinas; sustentando o ritmo operacional das organizações, tendo a premissa fundamental de gerar valor, entregando resultados positivos de forma constante e sustentada. Esses resultados incluem:
- Redução e Otimização de Custos
O combinado não sai caro. Se há um bom acordo de nível de serviços, o custo da Manutenção é bem explicitado e tem posição significativa nos balanços financeiros de qualquer organização.
Reduzir é uma coisa, otimizar é outra. No dia a dia não se trata apenas de cortar gastos indiscriminadamente. A verdadeira otimização de custos envolve equilibrar o investimento em manutenção preventiva, preditiva e corretiva.
Uma Manutenção eficiente, com uma abordagem proativa e orientada por dados, evita gastos excessivos que acontecem quando há falhas crônicas, muitas vezes inesperadas, ocasionando interrupções não planejadas,
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Confiabilidade e Disponibilidade
Confiabilidade é a capacidade de um ativo funcionar como esperado por um período de tempo. Já a disponibilidade mede o tempo que o equipamento está apto a operar. Ambos são indicadores críticos que dependem de práticas de manutenção robustas. A Confiabilidade reduz falhas, enquanto a Disponibilidade assegura que a produção e os serviços não sofram interrupções.
Todo mundo que trabalha em Manutenção tem que saber esses conceitos pois é para isso, essencialmente, que a equipe entra em campo todo dia. Fazer acontecer e quem usa nem perceber que tudo está fluindo.
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Presteza – O Atendimento Rápido das Solicitações de Serviço
Tem gente por aí que repete continuamente o mantra “tempo é dinheiro”. Parou? Parou por quê? Se deu crepe, a boa Manutenção também desempenha um papel fundamental no atendimento rápido e eficiente às solicitações de serviço. Este aspecto é particularmente relevante em ambientes industriais e de facilities, onde atrasos podem significar paradas produtivas, prejuízos financeiros ou impacto na experiência do cliente.
Tempo de resposta e resolução são duas faces do MTTR (Medium Time to Resolve e Medium Time to Respond). É o famoso “chegar junto”.
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Backlog ou o Controle que todo mundo quer
Um backlog sob controle é um forte sinal de que há uma gestão eficiente da Manutenção. Esse indicador reflete a capacidade da equipe de manutenção em equilibrar a demanda por serviços com os recursos disponíveis. Um backlog muito alto indica gargalos, enquanto um backlog muito baixo pode ser um sinal de subutilização de recursos.
A famosa “carteira de pendencias”, comparando com o futebol, é o DM (Departamento Médico) da equipe de Manutenção. Em campo só entram onze, mas a solução as vezes vem do banco de reservas.
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Melhoria Contínua no Planejamento de Serviços
Planejar a manutenção é tão importante quanto executá-la. A melhoria contínua nos processos de planejamento garante que as tarefas sejam realizadas no momento certo, com os recursos adequados e com o mínimo de impacto nas operações.
Treinar as jogadas com bola parada ou posicionamento para contra-ataque são fundamentais no futebol. Na Manutenção aprendemos com os erros, fazemos benchmarking e aprimoramos a metodologia das intervenções.
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Compliance, Governança e ESG na Manutenção
Se não lhe avisaram, é bom que saiba e se prepare. A manutenção moderna não é apenas uma questão técnica; é também uma questão de governança e compliance. A ISO 55001, por exemplo, estabelece padrões para a gestão de ativos que integram princípios de governança e alinhamento estratégico. As boas empresas já estão, na prática, fazendo do ESG a sua realidade.
Campeonato de futebol tem todo ano. Manutenção também. A Glória Eterna vem com suor, dedicação, planejamento e equipe qualificada. Os resultados? Ah, os resultados vão depender do conjunto da obra.
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Digitalização – Quem não sabe brincar não desce para o Play
A turma que ainda não entrou no século XXI vai pagando o preço do retardamento da atitude que se impõe. Sem uma sistema de gestão, sem ferramentas de TI, sem investimento em IoT, não será possível manter equipamentos em bom funcionamento, reduzir impactos ambientais, melhorar a sustentabilidade, priorizar a segurança dos trabalhadores e fazer a qualidade dos serviços contribuir para os aspectos sociais e de governança do ESG.
A gestão competitiva exige que a manutenção seja feita com decisões baseadas em dados confiáveis e alinhadas às políticas da empresa.
Todo mundo pode, todo mundo deve, gerenciar ativos com informações em tempo real. Com baixíssimo custo se pode implantar sistemas de gestão de ativos baseados em tecnologias como big data, IoT e inteligência artificial que permitem que gestores tomem decisões rápidas e embasadas.
O monitoramento de condições, com sensores instalados em máquinas enviam dados contínuos sobre vibração, temperatura e outros parâmetros críticos.
No planejamento inteligente, fazendo uso de dados em tempo real, é possível ajustar cronogramas de manutenção para evitar paradas inesperadas.
E o melhor de tudo, com o sistema de gestão na mão, temos o feedback imediato, que é quando as equipes de manutenção podem acessar em seus dispositivos móveis, mais conhecidos como celulares, as informações sobre o desempenho dos ativos enquanto realizam os serviços, aumentando a eficácia das intervenções.
Finalizando, entendo que o que Arnold Sutter escreveu continua valendo. E eu acrescento: “O risco está lá. Tem sucesso quem encontra primeiro, evita a falha ou sabe como tratar.”
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