São Paulo, 13 de outubro de 2021 – Vinte e sete painéis e mais de 24 horas de discussões sobre temas contemporâneos e de impacto para empresas e sociedade civil marcaram o 22º Congresso IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), o mais importante evento de governança corporativa do Brasil, realizado de terça-feira, dia 5 a 7 de outubro. Com o tema “Se o propósito é o ponto de partida, a governança é o caminho”, o encontro 100% virtual promoveu um ambiente de fomento ao aprendizado, compartilhamento de experiências e novas reflexões com quase 100 especialistas do Brasil e exterior.
“Por meio de um conteúdo rico, atual, com cases de sucesso e olhar para o futuro, ouvimos que a governança não é chegar a verdades absolutas, mas uma jornada, com amplas discussões em várias frentes”, analisou o diretor geral do IBGC, Pedro Melo. O evento foi pautado pela Agenda Positiva de Governança, documento lançado pelo instituto em 2020 com 15 medidas que guiam à boa governança corporativa por meio de seis pilares: Ética e Integridade, Diversidade e Inclusão, Ambiental e Social, Inovação e Transformação, Transparência e Prestação de Contas; e Conselhos do Futuro.
“A sociedade demanda urgência e é preciso que as organizações assumam a corresponsabilidade de resolver os principais desafios das profundas transformações que vivemos. Questões sociais e ambientais têm impacto significativo, inclusive nos resultados financeiros. Os conselhos devem capturar o que acontece no ambiente externo e sua atuação deve servir de inspiração para outras lideranças. A missão dos conselhos do futuro é preservar os valores da governança corporativa em meio a tantas transformações”, comentou a presidente do conselho de administração do IBGC, Leila Loria, sobre desafios discutidos no 22º Congresso do IBGC.
Legados do ESG
Alguns assuntos foram transversais e perpassaram por mais de um painel, como a valorização das pessoas, a diversidade, a transformação digital e cultural da sociedade além dos desafios climáticos. O painel “Os caminhos possíveis para a Amazônia – Descobertas iniciais do Science Panel for the Amazon”, por exemplo, abordou a preservação da Floresta Amazônica e decorrentes impactos globais. “Esse painel é uma resposta a uma necessidade urgente por soluções baseadas em ciência na região, uma visão de fornecer informações sistemáticas e objetivas, baseadas em ciência e evidências sobre o estado da Amazônia, os riscos que ela enfrenta, as lacunas de conhecimento, assim como oportunidades e recomendações de políticas relevantes, tanto para o setor público quanto para o privado e financeiro”, explicou a vice-presidente para as Américas da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável (SDSN), Emma Torres.
Ainda dentro da pauta ambiental, o painel “O futuro do agronegócio e seus aspectos ESG” ouviu especialistas do setor sobre como o mundo têm olhado para os negócios feitos no campo. “Um por cento das propriedades brasileiras estão relacionadas ao desmatamento e este índice representa 70% do desmatamento, 95% (desses) são ilegais. Aquelas organizações que precisam enfrentar no seu modelo de negócio essa situação necessitam incorporar na sua governança não só aquilo que acontece dentro da sua propriedade, mas o que acontece no setor como um todo”, afirma o membro dos conselhos de administração da Marfrig e do Instituto Arapyaú, Roberto Waack. Segundo ele, as organizações que lideram o agronegócio podem fazer o setor migrar para uma situação mais equilibrada, dada a demanda mundial.
Tão importante quanto o impacto ambiental é a valorização e respeito à pluralidade das pessoas. Durante o painel “A prática da ética nas organizações”, o Chairman of the Board e CEO da Barry-Wehmiller, Bob Chapman, fez sua análise sobre relações humanas nas corporações. “As universidades não criam líderes, criam técnicos. Precisam ensinar as habilidades humanas e não (somente) técnicas. As pessoas querem muito saber que elas têm valor. Medimos o sucesso pela maneira que tocamos na vida das pessoas. Isso faz parte dos princípios básicos, começa com as pessoas”, afirmou.
Valorização da diversidade
As conversas com foco em pessoas evidenciaram também análises sobre a diversidade nos conselhos de administração das empresas. “É importante que se tenha um grupo heterogêneo nos conselhos, no intuito de aumentar as chances de tomar decisões mais acertadas, pois um grupo composto por pessoas com formações e culturas diferentes têm condições de promover debates mais amplos e olhar para aspectos que um grupo homogêneo tem mais dificuldades de perceber”, disse Corinne Post, Fred J Springer Chair in Business Leadership e professora de Gestão na Villanova School of Business, no painel “Efeitos da diversidade no funcionamento dos conselhos e na inteligência coletiva dos grupos”.
Na jornada de aprendizado do 22º Congresso IBGC, ao debaterem transformação digital, lideranças alinharam o tema à cultura e ao propósito. “É importante ter um propósito claro para transformação digital. Eu acredito que a gente constrói cultura quando somos íntegros ao propósito, já que uma empresa nada mais é que um conjunto de pessoas que trabalham com um objetivo comum, que podem fazer diferença na sociedade”, comentou o presidente do conselho de administração da Ânima Educação, Daniel Castanho, dentro do painel “Sucesso e riscos numa estratégia de transformação digital”.
Futuro e inovação
A inteligência artificial deixou de ser um diferencial e se tornou necessidade de mercado. O desafio, porém, é implementar as estruturas de tecnologia necessárias para assimilar tantos dados complexos, ao mesmo tempo evitar efeitos colaterais negativos. “São três aspectos que um conselheiro precisa observar: se a IA é confiável, se ela tem ética e se sabe explicar o motivo das decisões”, explicou o professor do Centro de Informática da UFPE, Geber Ramalho. Para isso, é fundamental monitorar a metodologia usada nesse tratamento de dados e, antes de tudo, checar se a procedência dessas informações é legítima e respeita a lei.
Quando a pauta é o futuro dos conselhos, os especialistas foram categóricos ao apontar durante o Congresso que, para realizar entregas de fato e contribuir com a perenidade dos negócios, é preciso focar em inovação. “A gente fala da necessidade das empresas e conselheiros de se reinventarem. A transformação não é apenas digital, é do ambiente de negócio. Está sendo acelerado, tem um push do mercado por parte do cliente e uma nova concorrência entrante das startups, do mundo 4.0″, comentou Nelson Azevedo, conselheiro consultivo e de administração, consultor e sócio da (Re)Think Estratégia, Inovação e Governança, com atuação em empresas familiares e startups & scale-ups durante o painel “Reflexão estratégica sobre os desafios dos conselhos do futuro”.
Já o vice-presidente no Policy Institute of Corporate Directors, Matthew Fortier, também comentou sobre a posição dos conselhos do futuro em outro painel sobre o tema a partir da ótica social. “As companhias podem trabalhar a mudança social, temos visto empresas se movendo para ter uma mudança nesse mundo. Vai além da lucratividade, é o bem social”, segundo ele.
Os conteúdos apresentados durante o 22° Congresso IBGC ficarão disponíveis por 30 dias por meio de uma plataforma interativa (https://ibgc.org.br/congresso) para todos que se inscreveram no evento.
Sobre o IBGC
Fundado em 27 de novembro de 1995, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), organização da sociedade civil, é referência nacional e uma das principais no mundo em governança corporativa. Seu objetivo é gerar e disseminar conhecimento a respeito das melhores práticas em governança corporativa e influenciar os mais diversos agentes em sua adoção, contribuindo para o desempenho sustentável das organizações e, consequentemente, para uma sociedade melhor. Para mais informações, consulte https://www.ibgc.org.br.
Fonte: CDI Comunicação
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