O gás natural tem um papel importante na transição energética, trazendo atributos importantes como flexibilidade e resiliência à matriz energética. A opinião é do Luiz Augusto Barroso, CEO da PSR, que participou nesta terça-feira (27) da sessão plenária que discutiu ‘O papel do gás natural na transição energética no Brasil’ durante a Rio Oil & Gas. Essa opinião é compartilhada por Thiago Barral, Presidente da EPE, que enfatizou que o gás natural continuará tendo um papel no setor elétrico, como complemento das energias renováveis intermitentes, ressaltando que a descarbonização da matriz energética também passa pela substituição por gás de outros combustíveis fósseis na indústria e no transporte.
Gabriel Kropsch, vice-presidente da Abiogás, confirmou que o biogás e o biometano têm potencial muito elevado no Brasil, equivalente a 120 milhões de metros cúbicos por ano, e que os projetos podem ser desenvolvidos muito rapidamente e com custos de operação muito baixos. O avanço dos combustíveis alternativos renováveis tem sido apelidado de “Pré-Sal Caipira”, e seu potencial, visto como complementar ao crescimento da produção de gás natural a partir das reservas do Pré-Sal.
REGULAÇÃO
Outro tema abordado sobre o mercado de gás foi a regulação, que segundo executivos das empresas Eneva, 3R Petroleum e PetroReconcavo, tem impacto direto no desenvolvimento do negócio de gás natural. Representantes das companhias participaram do painel ‘Produção de gás natural em terra: perspectivas e soluções criativas’ e afirmam que o setor precisa de regras tributárias e regulação claras.
“As regras têm que ser pensadas para não inviabilizar o negócio. O segmento de óleo e gás, particularmente, possui um risco mais elevado. Para lidar com isso, é necessário ter mecanismos de gestão de riscos. O ativo Azulão-Jaguatirica (campo produtor de gás associado à geração térmica), no Amazonas, foi feito com a avaliação de mitigadores de riscos. Esse é o nosso core business, afirmou Camila Schoti, gerente geral de Comercialização de Energia, Gás Natural e Líquidos da Eneva.
Ela acrescentou ainda que o produtor precisa ter a segurança de que o investimento terá retorno. Segundo Schoti, o arcabouço regulatório deve buscar essa premissa para que as empresas invistam e os negócios cresçam. A Eneva, que atualmente possui um modelo de negócio particular de produção de gás associada à geração térmica nas regiões Norte e Nordeste do país, assinou, recentemente, contratos com a Vale e Suzano, no Maranhão, e pretende expandir a venda de energia a grandes consumidores industriais.
Matheus Dias, da 3R Petroleum, argumentou que a regulação no setor de gás precisa evoluir. Segundo ele, o primeiro passo foi dado com a lei da abertura do mercado. “A gente caminha para ter um ambiente mais competitivo. Grande parte disso conversa com um esforço regulatório e com a questão tributária”, disse Dias.
Já João Vitor Silva Moreira, diretor de Regulação e Novos Negócios da PetroReconcavo, contou que todo gás produzido pela empresa é comercializado para distribuidoras do Nordeste, que, de acordo com ele, tem condição de ser um importante player. “O ano de 2022 foi de ganhos e as perspectivas são boas”, destacou Moreira.
Em outro painel foram discutidas as ‘Oportunidades e desafios do novo ambiente de negócios no setor de gás natural’. Profissionais de empresas de produção de gás natural, de transporte e de comercialização debateram os cenários para o desenvolvimento do mercado de gás e quais investimentos serão necessários.
“Investimentos em transporte de gás natural serão essenciais à medida que a oferta de gás cresça no Brasil”, afirmou Gustavo Labanca, CEO da Transportadora Associada de Gás (TAG). Já o diretor executivo da Compass Gás e Energia, Jose Carlos Broisler Oliver, avalia que há muitas oportunidades, mas é preciso diversificar as fontes”. O diretor executivo da petroleira portuguesa Galp, Victor Santos, acrescenta ainda que a empresa acredita que o gás será um facilitador da entrada do hidrogênio verde no mercado. “Na Península Ibérica, somos pioneiros em hidrogênio verde. No Brasil, estamos apostando muito. No fim de 2021, adquirimos projetos de energias renováveis, boa parte deve ser para fomentar o hidrogênio verde”, disse o executivo.
GÁS DA ARGENTINA
A província de Neuquén, onde fica a região de Vaca Muerta, na Patagônia argentina, representa 65% da produção de gás natural do país e poderá vir a ser um exportador para o Brasil. A afirmação foi feita pelo governador de Neuquén, Omar Gutierrez, em conversa com o CEO da Enauta, Décio Oddone, no Energy Talks, realizada no palco principal da Rio Oil & Gas.
Omar Gutierrez afirmou que a Argentina pretende ser autossuficiente em energia e que estão trabalhando para aumentar a produção de gás natural e sua exportação. “Vaca Muerta é política de estado para transformar recursos em riquezas. Nós já conseguimos reduzir o custo de produção em 50% e queremos agora aumentar a exportação”, afirmou o governador, que destacou que atualmente 20% da produção da região é exportada.
Para Décio Oddone, CEO da Enauta, esta é uma boa oportunidade para o Brasil. Ele perguntou ao governador sobre a construção de gasodutos na região. “Nós vamos começar a construir gasodutos. Temos projetos, tanto no setor público, quanto no privado, e temos que continuar a trabalhar no desenvolvimento da indústria do país. O gás será muito importante para a transição energética”, afirmou Gutierrez.
SOBRE O EVENTO
A Rio Oil & Gas 2022 acontece até esta quinta-feira (29/9), no Boulevard Olímpico, e é patrocinada por Petrobras, Ambipar Response, Equinor, Shell, TotalEnergies, Vibra, Ipiranga, Raízen, BP, Bunker One, Chevron, ExxonMobil, Karoon Energy, Modec, Galp, PETRONAS, Repsol Sinopec, 3R Petroleum, Acelen, Siemens Energy, Trident Energy, Braskem, Enauta, Halliburton, McDermott, NTS, PECOM, PRIO, Salesforce, Saipem, Subsea 7, AET, Baker Hughes, DOW, Fluxys, Oracle, Perbras, Solvay, TAG, TBG, Techint, Vallourec, Wintershall Dea, Horizon-Partners, Ultracargo, Weatherford e WTW.
Fonte: Bruno Postiga
bruno.postiga@fsb.com.br
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