Através da Petrobras, está sendo desenvolvido um projeto de geração de energia eólica no mar, novidade para o Brasil. Para o início dos testes, uma licitação para a planta piloto será aberta ainda este ano no Rio Grande do Norte, uma das áreas do Nordeste com maior potencial de geração de energia a partir do vento, com a previsão de funcionamento para 2022. O País gera energia eólica desde 2005, e hoje conta com a geração de 13 mil megawatts e pode chegar a 17 mil até 2023.
As vantagens da geração dessa forma de energia no mar são comentadas em entrevista ao Jornal da USP no Ar pelo professor Edmilson Moutinho, do Departamento de Divisão Científica de Planejamento, Análise e Desenvolvimento Energético do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP.
Para o especialista, a exploração do mar como uma nova fronteira econômica é fundamental. A “economia dos mares”, que hoje envolve pesca, turismo costeiro e de cruzeiros, e extração de energia pretende proporcionar à humanidade um grande crescimento econômico nos próximos anos. Um relatório publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2016 estima que em 2030 o mar proporcione o rendimento de US$ 3 trilhões, o dobro do arrecadado em 2010. Em 2030, a participação do petróleo na economia dos mares deve ser de apenas 22%, e a participação da energia eólica marítima deve chegar a 8%.
Para a exploração do vento marítimo, não há grandes desafios tecnológicos novos. A implementação estrutural das hélices é apenas uma variação da estrutura utilizada em terra, com pás maiores e com a maior incidência do vento, que pode ser buscado em altitudes mais elevadas. “É um avanço daquilo que já fazemos hoje numa escala muito maior”, comenta Moutinho.
O professor acredita que os próximos 20 anos para geração de energia eólica nos mares deve se assemelhar ao desenvolvimento da exploração do petróleo e do gás, com plataformas fixas. O avanço pode ser muito rápido trazendo tecnologia de outros setores para a indústria, não deixando espaço para grandes desafios.
A nova forma de tecnologia gera a necessidade de uma nova regulamentação. Moutinho acredita que quando passar a ser utilizada, sejam aplicadas as normas domésticas já usadas no setor elétrico regidas pela Associação Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com royalties baixos e com caráter de compensação ambiental.
Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.
Quer receber notícias como esta? Se inscreva agora!