Os acidentes de trabalho custaram mais de R$ 26,2 bilhões de reais à Previdência Social do Brasil nesses anos. Conforme o procurador-chefe do MPT-MT, Marcel Trentin, nessa conta estão gastos com auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente.
Só em Mato Grosso foram registrados nos últimos cinco anos a emissão de mais de 33,4 mil auxílios-doença por acidente de trabalho, dos quais 4,4 mil só no ano passado. Isso resulta em uma média de 12 pessoas afastadas por esse motivo todos os dias. O impacto desses afastamentos na economia do estado nos últimos quatro anos também é vultoso: R$ 275 milhões, com a perda superior a 5 milhões de dias de trabalho.
“O acidente de trabalho não é bom para ninguém. Não é bom para a vítima, que não voltou para casa ou ficou com sequelas e, claro, para suas famílias. É ruim para a empresa que perde um empregado e também traz prejuízos para a sociedade, que gasta bilhões por causa de normas de segurança que muitas vezes são deixadas de lado”, avalia Trentin.
No Brasil, as áreas em que mais ocorrem comunicações de acidentes de trabalho são as de atendimento hospitalar, comércio varejista de mercadorias em geral, administração pública e construção de edifícios. Em Mato Grosso, pelo perfil econômico, as atividades que se destacam no número de acidentes são outras. Em primeiro lugar, figuram os setores ligados ao abate de animais para consumo humano, seguido por transporte rodoviário.
Os acidentes de trabalho têm várias causas. Segundo Trentin, destacam-se a falta de ergonomia nos postos de trabalho, poucas ações de prevenções e a não conscientização de patrões e empregados. “A falta de prevenção é o que mais nos preocupa. A segurança é um papel de todos. A empresa tem o dever de fazer a fiscalização e o empregado de absorver e acatar as orientações”, enfatiza.
Os números oficiais são alarmantes, mas a situação pode ser ainda mais grave por causa da subnotificação, conforme alerta o superintendente Regional de Trabalho de Mato Grosso, Amarildo Borges de Oliveira. “Esses valores não levam em conta acidentes não notificados, bem como eventos envolvendo trabalhadores autônomos, informais, servidores públicos e empregados domésticos”, esclarece.
Para o superintendente, é preciso que as empresas parem de ver a prevenção como um gasto. “A lei é clara ao definir que é responsabilidade do empregador preservar a vida dos funcionários, pensando primeiramente na proteção coletiva. É preciso uma mudança de cultura em relação à Saúde e Segurança do Trabalho. Não há uma cultura de prevenção. A prevenção precisa sair de uma condição de custo de segundo plano para ser tratada como item de natureza estratégica”, avalia.
Disponível em : http://www.rdnews.com.br/judiciario/conteudos/99483
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