Mortes e ferimentos levam a questionamentos sobre manutenção e fiscalização
Recentemente, o Rio de Janeiro testemunhou uma série de acidentes trágicos envolvendo elevadores em condomínios e prédios públicos, destacando uma questão crítica de segurança que afeta moradores, visitantes e trabalhadores. Em um período de 24 horas, três acidentes distintos resultaram em duas mortes e um ferido grave, levantando preocupações sobre a manutenção, operação e fiscalização desses equipamentos essenciais.
Casos recorrentes e fatalidades
No domingo, Sérgio Gabriel, de 28 anos, ficou preso no elevador do Hospital Municipal Salgado Filho por 16 minutos após a porta descarrilar. Infelizmente, ele não resistiu aos ferimentos e faleceu no local. Em resposta, a direção da unidade de saúde anunciou a abertura de uma sindicância para investigar o ocorrido e determinar as falhas que levaram a essa tragédia.
Na segunda-feira, o técnico de manutenção Alex Fernandes sofreu um acidente fatal enquanto trabalhava em um elevador de um prédio residencial em Copacabana. O elevador despencou até o poço, causando sua morte instantânea. Esse incidente evidencia os riscos enfrentados pelos profissionais de manutenção, que representam uma parcela significativa das vítimas em acidentes com elevadores.
Ainda na segunda-feira, na Secretaria Estadual de Fazenda, uma servidora ficou ferida após o elevador subir descontroladamente até o 20º andar e colidir com o teto. Ela foi socorrida e levada ao Hospital Souza Aguiar, onde está em recuperação. A Sefaz suspendeu o atendimento em sua sede e a Subsecretaria de Administração do setor iniciou uma investigação interna para descobrir o motivo do acidente.
Análise das causas e medidas preventivas
O advogado especializado em direito condominial, Dr. Issei Yuki, destaca que os acidentes com elevadores, embora frequentemente atribuídos a falhas mecânicas, geralmente resultam de uma combinação de fatores técnicos e humanos. A manutenção inadequada ou irregular é um dos principais culpados. Elevadores antigos, que muitas vezes não são modernizados com tecnologias de segurança atualizadas, representam riscos adicionais.
O fechamento inadequado de portas e a interferência dos passageiros no funcionamento do elevador são causas comuns de incidentes. Além disso, a superlotação e o uso indevido do equipamento contribuem significativamente para a ocorrência de acidentes. A fiscalização insuficiente das autoridades também desempenha um papel crucial, permitindo que práticas de manutenção deficientes passem despercebidas.
Mecanismos de segurança e confiabilidade
Desde a invenção dos freios de segurança por Elisha Otis na década de 1850, os elevadores têm sido equipados com sistemas que travam a cabine nos trilhos laterais em caso de rompimento dos cabos. Cada elevador é sustentado por vários cabos de aço, cada um capaz de suportar muito mais peso do que o aviso interno indica, tornando a queda livre um evento extremamente raro.
Entretanto, acidentes envolvendo o movimento anormal do elevador, como subidas descontroladas ou quedas parciais, ainda ocorrem. Tais incidentes ressaltam a importância de sistemas de controle e manutenção rigorosa para prevenir falhas catastróficas.
O papel dos síndicos, administradoras e das autoridades
As administradoras de condomínios têm a responsabilidade de garantir que os elevadores sejam mantidos de acordo com as normas de segurança vigentes. Isso inclui a contratação de empresas qualificadas para a realização de manutenções periódicas e a modernização de equipamentos antigos. A educação dos moradores sobre o uso correto dos elevadores também é essencial para prevenir acidentes.
As autoridades, por sua vez, devem intensificar a fiscalização, garantindo que todas as normas de segurança sejam cumpridas rigorosamente. Em casos de negligência, é fundamental que as empresas de manutenção e as administradoras sejam responsabilizadas.
Os recentes acidentes no Rio de Janeiro destacam a urgência de uma abordagem mais rigorosa e proativa para a segurança dos elevadores. “A combinação de manutenção regular, modernização de equipamentos, educação dos usuários e fiscalização eficaz é crucial para garantir a segurança dos elevadores e prevenir futuros incidentes. As tragédias recentes devem servir como um alerta para a necessidade de ações imediatas e eficazes, assegurando um ambiente seguro para todos os usuários de elevadores em condomínios e edifícios públicos”, conclui o advogado Issei Yuki.
Yuki, Lourenço Sociedade de Advogados
Graduado em Direito pela Universidade São Francisco com especialização em Direito de Família e Sucessões, e mais de 25 anos de experiência como advogado nas áreas de Direito Civil e Processual Civil, Família e Sucessões, Direito Condominial, Direito do Consumidor e Consultoria empresarial e societária.
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