O Dia da Terra merece mais empresas de impacto
*Por Rafael Segrera
No próximo 22 de abril, celebramos mundialmente o Dia da Terra, data criada em 1970 nos Estados Unidos como um protesto contra a poluição ambiental. Desde então, a efeméride representa um momento para conscientizar a todos sobre a importância da preservação do meio ambiente e incentivar a adoção de práticas mais sustentáveis. Ao todo, se passaram 53 anos, e muitas práticas e conceitos foram desenvolvidos para abraçar as variáveis que compõem a sustentabilidade.
Entre os mais recentes está o ESG, que tem sido um ótimo incentivo para melhorar a governança em todos os níveis (social, ambiental e corporativo) de empresas de diversos setores, uma vez que clientes, parceiros e investidores estão buscando atrelar-se às companhias que têm os três pilares em cada artéria da operação.
Segundo dados da McKinsey, 83% dos executivos de alto escalão e profissionais de investimento acreditam que os programas de ESG gerarão mais valor para os acionistas em cinco anos do que hoje, proporcionando um crescimento decorrente da confiança conquistada pela própria organização.
Fácil dizer, difícil fazer. Essa máxima nunca foi tão verdadeira diante do mundo em constante mudança como o que vivemos hoje. Crises mundiais de saúde, econômicas, climáticas e energéticas estão cada vez mais difíceis de prever e gerenciar, bem como inovações digitais contínuas e necessidades crescentes dos consumidores que criam mais oportunidades a serem exploradas. A natureza sistêmica e rápida dessas transformações está tornando mais difícil a manutenção de um caminho certo a ser percorrido.
Mas ainda acredito que as companhias podem fazer mais do que sobreviver. Acredito que elas podem prosperar e maximizar os impactos positivos — se repensarem e adaptarem profundamente quem são, o que fazem e como fazem, seguindo o que chamamos de princípios da empresa de impacto.
O primeiro princípio é que as empresas devem fazer bem para fazer o bem (e vice-versa). Nesse ponto, o desempenho é fundamental, porque é a base para fazer o bem, ou seja, sua empresa também precisa fazer parte da solução, portanto, os programas com os quais você se compromete devem abranger todas as dimensões ESG.
O segundo princípio orientador das empresas de impacto é trazer todos juntos. Isso exige que você se prepare para o impacto global e local com a cultura e o modelo certos, o que garante que está envolvendo todas as partes interessadas em seu ecossistema nesse avanço rumo ao ESG.
Porém, de acordo com o estudo “Why all businesses should embrace sustainability” do IMD, divulgado em 2022, 76% das empresas veem a sustentabilidade como conformidade, e não como vantagem. Para muitos, cumprir os objetivos ESG tem mais a ver com seguir regras ou o jogo do mercado do que com a criação de uma vantagem competitiva a longo prazo.
Uma empresa de impacto entende, no entanto, que se não for bem como negócio, não poderá investir e cumprir as metas relacionadas à sustentabilidade. Em outras palavras, o desempenho financeiro e comercial de uma companhia possibilita um alto impacto positivo ambiental e social. É preciso produzir bem para fazer o bem. E vice-versa: uma empresa de impacto trata o ESG como fonte de desempenho e também de crescimento. Não apenas como uma questão de regulamentação, mas como uma oportunidade de inovar e crescer.
Quando falo de envolver a todos os interessados nessa jornada ESG, falo de colaboradores, fornecedores, clientes e investidores. Na Schneider Electric, por exemplo, 64 mil funcionários são recompensados pelo progresso alcançado nas metas de sustentabilidade. Programas de treinamento e aperfeiçoamento no tema, tanto para colaboradores como para parceiros, também é algo que deve fazer parte da companhia, assim todos podem se tornar propagadores de boas práticas ESG.
O CEO e Chairman da Schneider Electric, Jean-Pascal Tricoire, me inspira ao dizer que não é necessário ser pessimista, tampouco otimista, em relação às mudanças climáticas, é preciso ser ativista. Portanto, na Schneider, levamos a sério nossa responsabilidade de compartilhar, com todos os stakeholders, os conhecimentos e perspectivas que adquirimos ao longo do nosso próprio percurso, mas também de toda a experiência adquirida no apoio a outras empresas em seus desafios. Nós temos o dever de continuar desafiando o status quo, elevando o nível sempre que possível para garantir um impacto positivo.
*Rafael Segrera é presidente da Schneider Electric para a América do Sul.
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