Transição para economia de baixo carbono tem potencial para injetar R$ 80 bi na economia até 2030, aponta estudo da CNI e Cepal
A transição para uma economia de baixo carbono é um fator essencial para a indústria brasileira. Ela precisa acontecer e vai impactar todos os setores, inclusive o industrial. Entre as dimensões que serão diretamente afetadas por essa nova realidade, o mercado de trabalho tem espaço de destaque tanto no que diz respeito à criação de novas vagas quanto à formação de mão de obra qualificada para atuar nessa nova indústria.
Estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta tendências e chama a atenção para oportunidades e desafios que precisam ser trabalhados para que a economia brasileira se torne protagonista na agenda internacional de inovação e sustentabilidade. O estudo foi realizado por meio da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), em parceria com a Comissão Econômica para Assuntos Econômicos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Presente aos debates promovidos pela CNI durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP28), que acontece em Dubai, Camila Gramkow, oficial de Assuntos Econômicos da Cepal, chama a atenção para os impactos socioeconômicos da ecoinovação para o Brasil. De acordo com ela, “até 2030, a adoção de práticas sustentáveis inovadoras pode ser responsável pela injeção de R$80 bilhões no PIB brasileiro e resultar na criação de um milhão e trezentas mil vagas de trabalho. Os empregos gerados mais do que compensam as vagas perdidas nos setores atuais”, explica.
Contudo, Gramkow chama a atenção para a necessidade de qualificação dos trabalhadores para atuar na nova economia. “A gente precisa garantir que eles sejam qualificados em green skills para fazer uma transição suave de um setor para o outro, para que sejam capazes de se inserir nesses novos setores e de gerar para a indústria as competências humanas necessárias para essa profunda transformação”.
Em geral, as green skills (habilidades sustentáveis) envolvem aspectos técnicos e comportamentais, como conhecimento sobre os princípios e normas ambientais; capacidade de avaliar os riscos e as oportunidades ambientais; atitude proativa de promover a cultura da sustentabilidade; e o compromisso ético com as questões ambientais.
Desafio da inclusão
A representante da Cepal também chama a atenção para outro cenário a ser superado pela indústria verde: a busca por um cenário mais igualitário e inclusivo. “No setor de energias renováveis do Brasil, 82% dos empregos são ocupados por homens. Se a gente fizer investimentos em energias renováveis e não considerar esse desequilíbrio, provavelmente as desigualdades de gênero serão agravadas”, ressalta Camila Gramkow.
A especialista destaca, ainda, a necessidade de ações voltadas para populações que estão em áreas mais isoladas do país, como a Amazônia e o interior da caatinga. “É importante ter políticas explícitas e afirmativas para que essas populações possam usufruir desses novos empregos e a gente possa falar, de fato, de uma transição justa”.
A promoção da diversidade, equidade e inclusão está entre as ações fundamentais apresentadas no Mapa Estratégico da Indústria 2023-2032, elaborado pela CNI para que o Brasil tenha uma indústria renovada e fortalecida daqui a uma década. Nesse sentido, a indústria colocou como meta reduzir em 36% a desigualdade de gênero até 2032. Entre as ações recomendadas estão o estímulo a ações que incentivem a maior participação das mulheres no mercado de trabalho e a promoção e a ascensão de mulheres em cargos de liderança.
Sobre o Projeto Indústria Verde
O Indústria Verde é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para apresentar as contribuições da indústria brasileira à agenda ambiental. A indústria é parte da solução no desenvolvimento sustentável. O setor produtivo é um dos pioneiros a assumir a responsabilidade de estimular a implementação dos compromissos climáticos no país.
Saiba mais sobre o Indústria Verde no site do projeto e nas redes sociais.
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