Com desempenho em 2021, Brasil manteve tendência de perda de participação na produção global e, com tímido aumento no indicador de exportações, caiu também na lista dos exportadores de bens industriais
O desempenho da indústria de transformação brasileira no mundo em 2021 refletiu a perda de competitividade do país nos últimos anos. Dados do estudo Desempenho da Indústria no Mundo, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (14), apontam que o Brasil perdeu posição no ranking mundial tanto de produção como de exportações no último ano em comparação com o ano anterior. O estudo também analisou os 11 principais parceiros comerciais do país: Alemanha, Argentina, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Itália, Japão, México, Países Baixos e Reino Unido. Entre eles, a China registrou o melhor desempenho na produção e na exportação de bens industriais.
A produção brasileira registrou recuo na participação mundial de 1,31%, em 2020, para 1,28%, em 2021, segundo a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido). Consequentemente, o Brasil foi ultrapassado pela Turquia e caiu para a 15ª posição no ranking.
Já no indicador referente às exportações mundiais de bens da indústria de transformação, a fatia de participação brasileira cresceu de 0,77%, em 2020, para 0,81%, em 2021, de acordo com a estimativa da CNI. O aumento, no entanto, não deve ser suficiente para subir ou manter a posição do país no ranking, o que deve levar o Brasil a perder uma posição e passar de 30º para 31º lugar, perdendo espaço para a Indonésia.
“Para reverter essa trajetória de perda de participação nas exportações de bens industriais, precisamos de uma estratégia nacional de comércio exterior, que enderece os velhos desafios de competitividade como a burocracia e os resíduos tributários nas exportações e, ao mesmo tempo, amplie e aprimore nossas redes de acordos comerciais para evitar dupla tributação com parceiros estratégicos”, afirma a gerente de Comércio e Integração Internacional, Constanza Negri
Apesar de melhora no desempenho nas exportações, Brasil perdeu posição
Em relação à participação do Brasil nas exportações mundiais da indústria de transformação, o aumento estimado pela CNI não deve ser suficiente para manter ou posicionar melhor o país no ranking mundial.
“Apesar do aumento, o percentual está abaixo do registrado antes da pandemia de Covid-19 e não nos permite afirmar que o país conseguirá reverter a tendência de queda iniciada em 2012”, explica Constanza Negri.
De acordo com o estudo, as exportações mundiais caíram 5,3% em 2020, e a estimativa da CNI indica um aumento de 20,4% em 2021. No Brasil, a queda nas exportações em 2020 representa mais que o dobro da média mundial (12,6%) e, para 2021, a estimativa é de um crescimento de 26,3%, acima da média global. Considerando o desempenho brasileiro e de seus 11 principais parceiros comerciais, além do Brasil, a China, a Argentina e os Países Baixos devem registrar tímido aumento nas respectivas participações – ao contrário de todos os demais países, que devem ter queda.
A estimativa é que a Coreia do Sul, a Alemanha e o Japão registrem as maiores perdas de participação entre 2020 e 2021, considerando os parceiros comerciais do Brasil avaliados. Mesmo assim, os dois últimos países devem se manter na segunda e na quarta posição no ranking dos maiores exportadores mundiais, respectivamente. Já para a Coreia do Sul, a previsão é que sejam perdidas duas posições no ranking, levando o país ao 8º lugar.
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