A pergunta “Por que precisamos de gêmeos?” pode parecer estranha e não faria qualquer sentido às famílias que criam gêmeos humanos, mas quando aplicada ao conceito de “Digital Twin” ganha respostas tanto teóricas quanto operacionais em áreas como Física, Engenharia, Tecnologia e na Indústria 4.0, se mostrando ferramentas particularmente útil na busca de mais eficiência e produtividade nas empresas.
Em artigo publicado pela revista Cognitive Robotics, os autores Mohd Javaid, Abid Haleem e Rajiv Suman definem a tecnologia de Digital Twin como “uma representação virtual de objetos, processos e sistemas que existem em tempo real”. Embora possam representar objetos digitais, eles são frequentemente usados para conectar os mundos físico e digital.
Essa tecnologia desempenha um papel vital no atendimento às demandas da Indústria 4.0, fornecendo uma imagem digital das operações de fábrica, das atividades de uma rede de comunicações ou da movimentação de itens em sistemas logísticos.
A combinação de análise de dados, Internet das Coisas (IoT) e das ferramentas de Inteligência Artificial (IA) permite a criação dos “Digital Twin”, os gêmeos digitais, ferramenta cada vez mais presente nas empresas. Esse conceito tecnológico propõe replicar digitalmente um sistema, processo ou máquina do mundo real e utilizar esse modelo para resolver desafios dos negócios.
O Digital Twin é mais do que uma tecnologia emergente, pois representa a combinação de diferentes tecnologias, incluindo Cloud, Edge, Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT), conectividade de alto desempenho, realidades virtuais – aumentada e mista – além de ferramentas de simulação.
Para atingir seu objetivo, essas tecnologias se baseiam em três vetores de sustentação: a real necessidade para a sua criação, a existência de um banco de dados potente e usuários especializados com profundo conhecimento do ativo replicado, seus detalhes e peculiaridades.
Analisamos diversos casos de grandes investimentos por empresas que buscam desenvolver ou adotar a tecnologia de Digital twin, motivadas tanto pela ansiedade de embarcar em novas tecnologias quanto pelo desejo de se apresentarem como inovadoras.
Essa tecnologia pode, de fato, ser essencial para o sucesso da empresa, mas, da mesma forma que a já conhecida GenAI, é preciso avaliar se realmente é necessária.
Em essência, um gêmeo digital é definido por um princípio básico: modelar os processos, sistemas ou ativos para tomar decisões aprimoradas no próprio mundo real. O conceito foi antecipado nos anos 1990 pelo cientista da computação e professor de Yale, David Gelernter, quando os computadores disponíveis sequer teriam capacidade de processamento para testar a sua ideia.
Ele previu que “bonecos de vodu de alta tecnologia” mudariam o mundo ao nosso redor, como descrito em seu livro “Mirror worlds: or the Day Software Puts the Universe in a Shoebox … How It Will Happen and What It Will Mean’‘, o autor apresentou a geminação digital como uma tecnologia revolucionária, capaz de transformar computadores em verdadeiras bolas de cristal.
Podemos destacar a utilização dos gêmeos digitais em duas áreas principais:
- Produtos – Eles representam um item específico do portfólio da empresa, capturando informações detalhadas sobre especificações, características e dados do ciclo de vida do produto.
- Processos – Estão focados na modelagem e simulação de processos e atividades da cadeia de suprimentos, englobando o fluxo de materiais e recursos em diferentes estágios da cadeia de valor, incluindo compras, produção, logística e distribuição.
Considero o Digital Twin como uma das ferramentas mais revolucionárias para a Indústria 4.0, pela capacidade de simular cenários complexos em um ambiente virtual antes de aplicá-los no mundo real. Essa nova realidade pode transformar a maneira como lidamos com inovação e manutenção, reduzindo significativamente os riscos e custos associados ao lançamento de novos produtos ou à modificação de processos existentes.
Fabricio Visibeli possui mais de 20 anos de experiência no setor de Tecnologia, atuando em bancos, consultoria, varejo e telecomunicações. Com experiência em gerenciamento de equipes e métodos de trabalho globais adquiridos na Espanha, é formado em Ciência da Computação pela FEI, com pós-graduação em Gestão de Projetos de TI pela USP e especialização em Liderança na Inovação pelo MIT. Atualmente, é sócio-diretor na CBYK, desenvolvedora de software e soluções personalizadas de TI.
*Fabricio Visibeli, sócio-diretor de Tecnologia e Inovação da CBYK
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