O uso da inteligência artificial na nova era da automação industrial
por Regis Ataídes*
Quantas vezes você acessou e utilizou o ChatGPT essa semana? E no mês passado? As ferramentas de Inteligência Artificial já estão no nosso dia-a-dia. O nosso mundo está sofrendo mudanças a uma velocidade nunca antes experimentada.
Com a indústria não é diferente. Grandes mudanças em suas operações nos mais diversos setores de atuação devido aos avanços tecnológicos que vêm desafiando as antigas e atuais formas de produção. A inteligência artificial (IA) tem sido uma das principais causas dessa transformação, alterando o modo como as coisas são feitas em toda a cadeia.
Conforme as indústrias buscam se tornar mais flexíveis, autônomas, modulares e sustentáveis diante da competitividade do mercado, essa ferramenta se mostra indispensável para atender a essas demandas. Nesse sentido, a integração de sistemas de robótica colaborativa, a análise de dados da internet das coisas (IoT) e o uso cada vez mais sofisticado da Realidade Aumentada e Virtual são apenas algumas das possibilidades.
Voltando um pouco no tempo, se pararmos para analisar toda a trajetória da tecnologia industrial até aqui, no início dos anos 2000 o Brasil estava apenas começando a marcar presença nas estatísticas internacionais de instalação de robôs industriais – um grande passo para abrir horizontes no ramo da automação.
De lá até aqui, muita coisa mudou e a tecnologia avança em ritmo cada vez mais acelerado. Hoje, o mercado está se aprofundando em um cenário muito mais dinâmico, no qual a IA evolui rapidamente e a sua fusão com a indústria abre portas para oportunidades disruptivas. Até mesmo o termo “automação industrial” ganhou novos significados nos últimos anos.
Como o crescimento econômico e a prosperidade social estão intrinsecamente ligados ao desenvolvimento industrial, reduzir drasticamente o tempo dedicado a processos manuais permite liberar recursos que podem ser direcionados para atividades mais estratégicas, criativas e sustentáveis.
De acordo com a IBM, organizações que implementam soluções de automação de processos e IA conseguem reduzir em até 80% o tempo dedicado a processos manuais. Entretanto, cabe ressaltar que é fundamental as indústrias modernas impulsionarem o crescimento de forma responsável, considerando as necessidades das gerações futuras e buscando reverter os danos ambientais já causados.
Ao considerarem o uso da IA para a automação industrial, as empresas podem implementar sistemas que aprendem e se ajustam continuamente às demandas do ambiente, otimizando operações, diminuindo custos e estimulando a produtividade. Esse tipo de tecnologia capacita as máquinas para a tomada de decisões complexas de forma autônoma, propiciando que as empresas alcancem níveis de eficiência e inovação muito mais elevados. Isso ocorre porque a IA é capaz de processar grandes volumes de dados de forma rápida e precisa, aprimorando os processos de automação ao passo que os torna mais eficientes e adaptáveis.
Até o momento, o controle industrial tem seguido uma trajetória de desenvolvimento relativamente linear. Desde a introdução do primeiro controle lógico programável (CLP), em 1968, os desafios têm girado em torno da obtenção de poder de processamento adequado, aumento de memória e otimização de sinal para assegurar o controle eficaz em ciclos repetitivos.
No entanto, com a introdução de novas formas de trabalho, como equipes de colaboração cruzada e operações remotas, além das crescentes demandas por sistemas de automação industrial abertos e integrados aos ambientes de TI/TO, surge a necessidade de uma nova abordagem.
A evolução dos sistemas de controle industrial — por meio de avanços em tecnologias que trabalham em conjunto com a IA, como machine learning, RA, RV e gêmeos digitais — redireciona toda a arquitetura das fábricas do futuro, tornando-as mais adaptáveis do que nunca.
A IA, por sua vez, oferece uma gama diversificada de aplicações que promovem o fortalecimento dessas operações da indústria, desde a visão computacional para robôs até a manutenção preditiva, passando por sistemas autônomos e inspeção de qualidade aprimorada.
Nesse contexto de interação integrada entre máquinas inteligentes e ambiente industrial, é esperado que haja uma sinergia que proporcione eficiência, inovação e colaboração. Em geral, é possível aperfeiçoar a competitividade no mercado e explorar novos modelos de negócios por meio de produtos e serviços mais personalizados e adaptáveis às necessidades de cada cliente.
Sem se esquecer, obviamente, das pessoas. A IA traz produtividade e acelera a criatividade e o pensamento crítico. E estas habilidades fazem de nós seres únicos e insubstituiveis.
*Regis Ataídes é vice-presidente de Automação Industrial e head de Digitalização da Schneider Electric
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