Setor de mineração deve investir em crescimento com sustentabilidade
Cerca de R$ 30 bilhões dos investimentos previstos para o setor até 2026 são para as áreas social e ambiental
A mineração será um dos setores com planos importantes de investimento no Brasil nos próximos anos. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), mineradoras pretendem investir cerca de R$ 200 bilhões no país até 2026. Cobre, minério de ferro e soluções socioambientais estão entre os principais focos de investimentos previstos para o período.
Os estados que mais devem receber os valores são Minas Gerais, Bahia e Pará. De acordo com o Ibram, a indústria da mineração planeja investir um total de US$ 40,4 bilhões (cerca de R$ 200 bilhões) até 2026. O minério de ferro, principal produto da mineração no Brasil, deve concentrar investimentos de US$ 13,4 bilhões.
Há também previsão de elevados recursos para fertilizantes e projetos de bauxita — cada um com previsão de US$ 5,7 bilhões (cerca de R$ 28 bilhões) —, cobre, ouro e aportes para descaracterização de barragens semelhantes às que se romperam em Mariana e Brumadinho (MG), segundo a entidade. Assim, sustentabilidade é uma das práticas que deve acompanhar o setor pelos próximos quatro anos.
O plano e as metas de ESG (Environmental, Social and corporate Governance, da sigla em inglês) da Usiminas — grupo siderúrgico com atuação em diferentes segmentos da cadeia de valor do aço — envolvem medidas como melhor aproveitamento dos recursos hídricos, eficiência energética e uso de energias renováveis, combate à mudança climática e segurança do trabalho.
Suas atividades envolvem mineração e logística, centros de serviços e distribuição, bens de capital e soluções customizadas para a indústria. O grupo tem uma estrutura de companhias integradas para oferecer soluções adaptáveis aos mercados brasileiro e global.
Os principais acionistas do grupo são a Ternium-Tenaris, o Grupo Nippon e a Previdência Usiminas. Parte das ações está em free float — em livre circulação e negociação na Bolsa de Valores —, com ações ordinárias (USIM3) e preferenciais de classe “A” (USIM5) e “B” (USIM6), além de estar listado no mercado fracionado (USIM3F, USIM5F, USIM6F).
Crescimento é pauta constante no setor de mineração
Para debater oportunidades e desafios da exploração mineral e mineração no Brasil, investidores, especialistas, empresas e entidades públicas e privadas se reuniram no final de 2022 para a décima edição do Simpósio Brasileiro de Exploração Mineral (Simexmin 2022).
Promovido pela Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (Adimb), o encontro debateu temas como novos mecanismos de financiamento à pesquisa mineral, pesquisa e produção dos minerais necessários para a transição energética e tecnologias.
Sustentabilidade, diversidade e inclusão na pesquisa mineral e mineração também foram assuntos que ganharam destaque.
Luis Mauricio Ferraiuoli Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM), afirmou na abertura do evento que o país deve aproveitar o novo ciclo da mineração mundial e que o segmento da mineração está preparado para crescer.
O executivo ressalta ainda que o setor é um dos que mais produziu e que menos sofreu com a pandemia, estando num momento virtuoso em termos de preços de commodities e com espaço para mais investimentos.
Sustentabilidade e geração de valor no longo prazo
Os riscos e oportunidades de negócios em mineração e metais no Brasil também foram abordados em um estudo global pela empresa Ernst & Young (EY) — líder mundial em serviços de auditoria, impostos, transações e consultoria —, em parceria com o Ibram.
O levantamento mostrou que as oportunidades devem continuar a superar os riscos, enquanto a disrupção contínua nas áreas social, política, tecnológica e econômica deve induzir a mudanças também nessa indústria. Nesse sentido, a pandemia intensificou movimentos como a agenda ESG, que prevê compromissos com os temas ambiental, social e governança no setor.
A pesquisa concluiu que a sustentabilidade e a geração de valor no longo prazo não são mais complementos para os negócios e “estão se constituindo no core business (atividade central de uma organização) da indústria mineral”.
Vale lembrar também os esforços em energia limpa esperados para a mineração. Segundo os dados do Ibram, cerca de US$ 6 bilhões dos investimentos (aproximadamente R$ 30 bilhões) previstos para o setor até 2026 são para as áreas social e ambiental. A redução de emissões de carbono por meio de energia renovável é um dos temas que ganha prioridade.
Quer receber notícias como esta? Se inscreva agora!